Artigo elaborado por Haline Dalsgaard – Nutricionista com foco em Nutrição Pediátrica e Alimentação da Família. Mestre em Nutrição Humana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Idealizadora do Saúde no Prato.
Atualizado em Janeiro 2024
O Bebê, ao nascer, entra em contato com o primeiro alimento da sua vida: o Leite Materno. Trata-se de um alimento único, completo e totalmente voltado para as necessidades da criança ao longo do seu crescimento e desenvolvimento, sobretudo, no primeiro ano de vida.
O leite materno é rico em anticorpos contra as infecções mais comuns em bebês recém-nascidos, reduzindo o risco de doenças e mortes infantis.
Mesmo sabendo de todas as suas vantagens devemos estar cientes de que nem todas as crianças têm essa possibilidade. Seja por problemas de saúde da mãe ou do bebê, da indisponibilidade da mãe, no caso de criança adotada ou até mesmo por dificuldades ao longo do processo de aleitamento. Se você está esperando um bebê e tem a intenção de amamentá-lo, não deixe de buscar informações com o seu médico e profissionais que possam te orientar, desmistificar e simplificar a prática. Se você tiver possibilidade de acesso a um consultor de amamentação, não hesite em buscá-lo!
Aqui você encontra:
Tipos de Aleitamento
Temos várias possibilidades de aleitamento, seja materno ou artificial. Abaixo descrevemos de forma resumida cada um deles, já que iremos mencioná-los em vários momentos:
Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente o leite materno, que pode ser diretamente da mama ou extraído e oferecido em mamadeiras ou copinhos.
Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, águas, chás ou sucos.
Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno independente de receber outros alimentos líquidos ou sólidos, incluindo o leite não-humano e fórmulas infantis.
Aleitamento artificial – quando a criança, ao invés de receber o leite materno é alimentada por outros tipos de leite não-humanos, incluindo as fórmulas infantis.
A amamentação, sempre que possível, deve começar já dentro da primeira hora após o nascimento do bebê. Não é indicado oferecer nenhum outro tipo de leite à criança que não seja o leite materno, nem mesmo na Maternidade ou Hospital.
Você já ouviu falar em apojadura?
Apojadura é o preparo da mama para a produção de leite e geralmente acontece até cinco dias após o parto. Neste período, as mamas ficam maiores, cheias e algumas vezes quentes. É normal haver um pequeno fluxo de leite, começando a descer em forma de gotinhas, que já é suficiente para o bebê ficar satisfeito.
Esse primeiro leite que sai, pós apojadura, é chamado de Colostro e embora tenha um aspecto mais aguado e de pequeno volume tem um importante papel na imunidade do recém-nascido, conhecido como a primeira vacina do bebê. Essas características permanecem até o 7º dia pós-parto.
Vantagens do Aleitamento Materno
As vantagens da amamentação são muitas e ultrapassa o período que a criança é amamentada, conferindo proteção por um longo tempo da vida da criança. Quanto mais a criança mamar no peito, mais protegida estará.
E tem muito mais vantagens por aí:
- Garante à criança maior resistência a infecções como diarréias, infecções respiratórias e otites;
- Protege crianças com baixo peso, aumentando sua resistência e resposta à agentes externos;
- É um alimento gratuito, não oferecendo nenhum custo financeiro adicional para a família, não só na aquisição do alimento, quanto dos utensílios necessários para oferecê-lo;
- Oferece menor risco de contaminação por vírus e bactérias, já que não exige preparo e manipulação;
- Menor risco de obesidade. A criança mama de acordo com a sua saciedade e necessidade e, consequentemente nutre o corpo somente com o necessário, sem excedentes.
- Hidrata a criança, não sendo necessária a oferta de água quando em Aleitamento Materno exclusivo, que geralmente ocorre até os 6 meses de vida;
- Ajuda o desenvolvimento neurológico da criança;
- Reduz as malformações da dentição;
- Estimula e exercita a musculatura que envolve a fala;
- Promove um inexplicável vínculo afetivo entre a mãe e a criança;
- Reduz o risco de alergias alimentares na alimentação complementar;
- E ainda protege a mãe que amamenta contra o câncer de mama e de ovário.
Embora essa seja uma dúvida frequente dos pais, já foi demonstrado por diversos estudos que a complementação do leite materno com águas ou chás, inclusive em dias mais quentes e secos não é necessária. A introdução precoce de alimentos, mesmo se tratando apenas de água pode reduzir a duração da amamentação, já que oferece uma saciedade momentânea devido ao volume consumido.
NÃO EXISTE “LEITE FRACO”
Muitas mães que amamentam começam a complementar seu leite porque acreditam que são incapazes de produzir leite suficiente ou de achar que seu leite é “fraco”, ou seja que não alimenta adequadamente seu filho. O leite materno é mais ralo quando comparado ao leite de vaca, mas essa é uma característica normal dele.
Todo leite materno é completo e é o único alimento que o bebê precisa até os 6 meses de vida, independente do estado de nutrição da mãe.
O leite do início da mamada tem aspecto mais “ralo” por ser mais rico em água, menos gordura, mais fatores de defesa, vitaminas e sais minerais. Já o leite do fim da mamada tem aspecto mais grosso e rico em gordura e por isso é o maior responsável pelo ganho de peso do bebê. Por isso é recomendado oferecer as duas mamas.
Qual a quantidade de mamadas diárias?
É muito importante respeitar o ritmo do bebê. A quantidade de leite ingerido e a frequência entre as mamadas é completamente individual. Cada bebê mama no seu próprio tempo.
A criança deve mamar até que ela se sinta satisfeita. Ela deve ser estimulada a esvaziar um peito antes de passar para o outro, caso ela deseje continuar mamando. O leite materno deve ser oferecido sempre que a criança solicitar o peito, sem horários ou intervalos pré-definidos. O bebê nasce com plena noção de saciedade e pronto para recusar o peito quando não tiver mais fome ou solicitá-lo quando a fome apertar.
A posição da criança durante a mamada deve ser observada. Principalmente no início, quando a criança está iniciando o contato com o peito da mãe, é importante ajustar a pega e a posição do bebê, colocando-o de frente para a aréola (parte escura do seio) e ajudando-o a pegar a mama quando estiver com a boca bem aberta. Assim, o queixo da criança encosta na mama, o nariz fica livre, os lábios ficam virados para fora e aparece mais aréola na parte de cima da boca do que na parte de baixo.
Duração do Aleitamento Materno
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida. Já o aleitamento materno, ainda que não exclusivo pode durar por 2 anos ou mais. Tudo vai depender da disponibilidade da mãe, da vontade da criança e do estado de nutrição da criança.
Não posso amamentar. O que faço?
Apesar de saber de todas as vantagens do aleitamento materno, como dissemos acima há momentos que essa não pode ser considerada uma opção. Nesses casos, é recomendado o aleitamento artificial.
A modernização da tecnologia tem produzido fórmulas infantis com composição nutricional cada vez mais próxima do leite materno, contribuindo para a diminuição da desnutrição e minimizando as deficiências de digestão, alergias e intolerâncias. Porém, devido ao alto custo dessas fórmulas industrializadas, essa não pode ser a única opção de aleitamento artificial considerada. Em situação de pobreza extrema e impossibilidade de aquisição da fórmula infantil o consumo de outros tipos de leite pode ser orientado. Porém, nesse caso ele deverá ser enriquecido com outros alimentos para que atinja o valor energético ideal para a criança.
Existem vários riscos à saúde da criança amamentada com outros tipos de leite como alergias alimentares precoces, alterações do trato respiratório (pneumonias), distúrbios do trato digestivo (diarréias, refluxo), risco de contaminação na hora do preparo, … E tudo isso deve ser considerado para que seja feita a melhor escolha para a saúde da criança.
O fundamental, independente da classe social da mãe, é saber que NENHUMA fórmula infantil supera a qualidade e os benefícios do leite materno.
Preciso voltar a trabalhar. Posso congelar o leite?
O leite materno, assim como outros alimentos, também pode refrigerado ou até mesmo congelado.
Chamamos de ordenha a retirada do leite materno com as próprias mãos ou por meio de um extrator, conhecido como “bombas extratoras de leite”, que podem ser manuais ou elétricas.
É fundamental observar as questões de higiene antes de armazenar o leite para evitar contaminações. As mãos devem ser bem lavadas e o recipiente, preferencialmente de vidro, deve ser esterilizado com água fervente antes de ser utilizado.
O leite ordenhado pode ser conservado na geladeira por até 12 horas e no freezer por um período máximo de 15 dias. Para descongelar, o ideal é retirá-lo com antecedência e armazená-lo na geladeira até o uso ou descongelado em banho-maria, para que o líquido descongele completamente. Não deve ser aquecido diretamente no fogo ou no microondas para que suas características nutricionais sejam preservadas.
Não é recomendável congelar novamente o que sobrou desse leite.
Como deve ser a alimentação da mulher que está amamentando?
A alimentação da mãe que está amamentando não precisa ser muito diferente da que era feita na gestação, com exceção da hidratação. É fundamental beber bastante água, principalmente antes e após as mamadas. A necessidade de líquidos é em torno de 3 litros ao dia.
O ideal é que haja várias refeições ao dia com 3 principais refeições (café da manhã, almoço e jantar) e 1 ou 2 pequenos lanches.
É importante garantir o consumo de verduras, legumes e frutas acompanhado de cereais (arroz, batatas, mandioca, inhame) e proteínas animais e/ou vegetais, respeitando os padrões de alimentação praticados e orientados.
O consumo de alimentos ultraprocessados e ricos em sódio deve ser evitado. Bebidas alcoólicas NÃO devem fazer parte do consumo.
O consumo de chás com efeito calmante (camomila, melissa, passiflora, erva doce) é possível e idealmente não adoçado.
A mulher que amamenta apesenta mais facilidade na perda de peso, principalmente nos 3 primeiros meses de amamentação. Quanto mais exclusiva for a amamentação, mais rápida deve ser a recuperação ao peso antes da gestação.
SUGESTÔES DE CARDÁPIO PARA A MÃE DURANTE A AMAMENTAÇÃO:
OPÇÃO 1
Café da Manhã:
-Leite semi desnatado ou leite vegetal batido com 1 fruta ou polpa de fruta (abacate, banana, mamão, manga ou morango).
Almoço:
-Jardineira de legumes (abobrinha, cenoura e chuchu).
-Arroz integral.
-Feijão.
-Sobrecoxas de frango assadas.
Sobremesa:
-Fruta picada.
Lanche da Tarde:
-Muffin de banana com aveia.
Jantar:
-Salada verde.
-Escondidinho de aipim com frango e palmito.
OPÇÃO 2
Café da Manhã:
-Torrada integral.
-Ovos mexidos.
-1 fatia de melão ou mamão ou melancia.
Almoço:
-Salada verde (alface e rúcula) com tomate e beterraba ralada.
-Purê de batata baroa.
-Lentilha refogada.
-Filé de peixe grelhado.
Sobremesa:
-Fruta assada com canela.
Lanche da Tarde:
-Sanduiche com pão integral e pastinha de ricota ou tofu.
Jantar:
-Tomates em rodelas com repolho ralado.
-Panqueca de espinafre com carne.
OPÇÃO 3
Café da Manhã:
-Crepioca recheada com queijo Minas frescal ou geléia (sem adição de açúcar).
-1 maçã ou pêra.
Almoço:
-Brócolis no vapor.
-Grão de bico cozido com salsinha e cebolinha.
-Canoinha de batata assada.
-Bife grelhado acebolado.
Sobremesa:
-Sorvete natural de fruta congelada.
Lanche da Tarde:
-1 iogurte natural ou iogurte vegano.
-1 fruta picada.
Jantar:
-Sopa de legumes com inhame e frango.
*Essas sugestões são apenas referências de combinação de refeições. Para orientações individualizadas e quantidades dos alimentos, procure sempre um Nutricionista.
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